Os grandes sistemas religiosos que têm guiado a humanidade ao longo dos milhares de anos podem ser considerados, em essência, como uma religião em desenvolvimento que foi renovada de tempos em tempos, evoluindo à medida que a humanidade passou de um estágio de desenvolvimento coletivo para outro. A religião é um sistema de conhecimento e prática que tem, junto com a ciência, impulsionado a civilização através da história.
A religião hoje não pode ser exatamente o que foi em épocas anteriores. Muito do que é considerado como religião no mundo contemporâneo deve, acreditam os bahá'ís, ser reexaminado à luz das verdades fundamentais postuladas por Bahá’u’lláh: a unicidade de Deus, a unicidade da religião, e a unicidade da família humana.
Observa cuidadosamente que, neste mundo da existência, todas as coisas devem sempre ser renovadas. Olha para o mundo material ao redor: vê como ele foi agora renovado. Os pensamentos têm mudado, os modos de vida têm sido reconsiderados, as ciências e artes mostram novo vigor, descobertas e invenções são novas, percepções são novas. Como, então, seria possível que um poder tão vital como a religião - que é a garantia dos grandes avanços da humanidade, que é o próprio meio para se atingir a vida eterna, a promotora de infinita excelência, a luz de ambos os mundo - como seria possível tal poder não ser renovado?
(‘Abdu’l-Bahá, Selections from the Writings of ‘Abdu’l-Bahá, p. 56)
Bahá’u’lláh estabeleceu um padrão intransigente: se a religião se torna uma fonte de separação, alienação ou apatia – muito menos violência e terror- é melhor ficar sem ela. O teste da verdadeira religião são os seus frutos. A religião deve comprovadamente elevar a humanidade, criar unidade, forjar o bom caráter, promover a busca da verdade, libertar a consciência humana, promover a justiça social e promover a melhora do mundo. A verdadeira religião fornece os fundamentos morais para harmonizar as relações entre indivíduos, comunidades e instituições em diversos e complexos contextos sociais. Ela fomenta um caráter reto, instila tolerância, compaixão, perdão, magnanimidade, e generosidade. Proíbe danos aos outros e convida as almas a se doarem pelo bem dos outros. Ela transmite uma visão abrangente do mundo e limpa o coração do egoísmo e do preconceito. Inspira as almas a se esforçarem pelo melhoramento material e espiritual de todos, a verem sua própria felicidade na dos outros, a avançarem na aprendizagem e na ciência, a serem um instrumento da verdadeira alegria e a reavivarem o corpo da humanidade.
A religião reconhece que a verdade é uma só, e é por isso que deve estar em harmonia com a ciência. Quando entendidas como complementares, a ciência e a religião fornecem às pessoas meios poderosos de extrair novos e maravilhosos insights sobre a realidade, e a moldarem o mundo ao seu redor, e cada sistema é beneficiado de um grau apropriado de influência do outro. A ciência, quando desprovida da perspectiva da religião, pode tornar-se vulnerável ao materialismo dogmático. A religião, quando desprovida da ciência, torna-se presa da superstição e da imitação cega do passado. Os ensinamentos bahá'ís afirmam:
Colocai todas as vossas crenças em harmonia com a ciência; não pode haver oposição, pois a verdade é una. Quando a religião, despojada de suas superstições, tradições e dogmas ininteligíveis, demonstrar sua conformidade com a ciência, então haverá no mundo grande força purificadora e unificadora que varrerá todas as guerras, desacordos, discórdias, porfias - e então a humanidade será unida no poder do Amor de Deus.
(‘Abdu’l-Bahá, Paris Talks, p. 145)
A verdadeira religião transforma o coração humano e contribui para a transformação da sociedade. Fornece percepções sobre a verdadeira natureza da humanidade e dos princípios nos quais a sociedade pode avançar. Nesta conjuntura crítica da história humana, o princípio espiritual fundamental do nosso tempo é a unicidade da humanidade. Essa simples declaração representa uma verdade profunda que, uma vez aceita, invalida todas as noções passadas de superioridade de qualquer raça ou nacionalidade. É mais que um mero apelo ao respeito mútuo e a sentimentos de boa vontade entre os diversos povos do mundo, por mais importantes que sejam. Implica, então, em uma mudança orgânica na própria estrutura da sociedade e nas relações que a sustentam.